O Bigster não passa despercebido. A Dacia, que antes era sobretudo sinónimo de acessibilidade, mostra agora com este modelo uma maturidade que surpreende.
Com 4,6 metros de comprimento, linhas musculadas, grelha vertical e faróis em “Y”, o Bigster impõe-se à primeira vista. Os guarda-lamas vincados reforçam a postura aventureira, sem perder a identidade da marca.
É um SUV com presença, pronto para enfrentar terrenos difíceis e, ao mesmo tempo, pensado para o dia a dia. A funcionalidade foi reforçada, inclusive através da nova linha de acessórios.
A altura ao solo transmite confiança tanto em estrada como em caminhos irregulares. E no interior, confesso que fiquei surpreendido: mesmo sem recorrer a materiais premium, tudo está bem montado. Nada abana, nada range. A ergonomia é boa, e tudo é fácil de limpar, o que muito bom depois de atravessar trilhos de terra e poeira.

Um interior pensado para usar
Os comandos são simples e intuitivos. O painel de instrumentos digital complementa um sistema multimédia que me agradou especialmente. O novo Media Nav Live oferece navegação com trânsito em tempo real e ligação sem fios, algo que já se tornou indispensável.
Mas o que realmente me surpreendeu foi o sistema de som. Pude ouvir as minhas músicas e até algumas peças clássicas com uma nitidez que não esperava encontrar num modelo Dacia. Foi nesse momento que percebi o salto de qualidade que a marca alcançou.
Atrás, o espaço é generoso. Três adultos viajam confortavelmente. A bagageira, um pouco menor nesta versão híbrida, continua prática e versátil. Com os bancos rebatidos, consegui transportar a bicicleta e a boardbag de kitesurf sem esforço.
Até testei se cabia lá dentro para uma noite improvisada, e sim, é possível dormir no interior. Claro que não é uma cama, mas dá perfeitamente para uma escapadela de última hora.
A bagageira tem 546 litros, que se estendem até 1.851 com os bancos rebatidos. Noutras versões, pode ultrapassar os 660. Gosto especialmente do fundo duplo, útil para guardar ferramentas e até um pneu suplente, um detalhe simples mas a que dou bastante valor.
Condução eficiente e agradável
O sistema híbrido de 1.8 litros combina motor a gasolina e elétrico para um total de 155 cv. A caixa automática é suave e ajuda a manter consumos interessantes.
Na cidade, a transição entre motores é quase imperceptível. E a pequena bateria de 1,4 kWh permite circular alguns minutos apenas em modo elétrico, ideal para o trânsito lento do dia a dia, quando o caminho é marcado por velocidades baixas e por paragens constantes.
Nos percursos mistos do ensaio, o consumo ficou muitas vezes abaixo dos 5,5 l/100 km. O carro não ia carregado, mas nunca senti que tivesse de conduzir com cuidado extremo para manter esse valor.
Também respondeu com energia sempre que lhe pedi que o fizesse. Precisei dela em algumas ultrapassagens. Mas fosse em auto-estrada ou em estradas secundárias, transmitiu-me sempre a ideia de podia desfrutar de uma condução descontraída, sem perder confiança quanto ao seu comportamento face a uma reação de emergência.
Tecnologia e segurança
Como passo muitas horas ao volante, valorizo o conforto e as ajudas à condução.
No Bigster encontrei o essencial para viagens seguras e tranquilas: cruise control adaptativo, alerta de ângulo morto, travagem autónoma de emergência e uma câmara de 360º que me foi mais útil fora de estrada, para me ajudar a manter dentro do trilho, do que quando tinha de o estacionar.
Tem ainda um inclinómetro digital, que utilizei sempre que me aventurava por trilhos mais complicados. No meu carro costumo ter um analógico, aqui tudo está integrado no ecrã central.
O equipamento inclui ainda ar condicionado automático, que me soube lindamente porque andei com o carro naqueles dias em que, se tentasse, até conseguia estrelar ovos na chapa do capot. Só para fazer de conta que estava parado nalgum deserto, apesar da paisagem à minha volta ser bastante verde e ouvir á água de um ribeiro a correr bem perto.

Um SUV feito para o presente e para o futuro
Quando penso no carro ideal para o meu estilo de vida, não é apenas uma questão de estética ou tecnologia. Para mim, um carro é sinónimo de liberdade.
E o Bigster provou que pode ser isso mesmo: um SUV aventureiro para escapadelas a solo e, ao mesmo tempo, um carro espaçoso para o dia em que o ritmo abrandar e vier a família. Ainda me lembro parafernália de coisas que nos acompanhavam sempre que os meus pais decidiam viajar…
O único ponto menos positivo, descobri mais tarde, está na fiscalidade portuguesa. Apesar da eficiência que entrega, o motor 1.8 Hybrid é penalizado pelo ISV devido à cilindrada. O que encarece esta versão em cerca de três mil euros. Mesmo assim, continua competitivo face a rivais mais caros.
Felizmente, a gama Bigster oferece alternativas, como uma versão a gasolina apoiada por um pequeno motor elétrico e outra bi-fuel, a GPL. São mais baratas, embora tenham emissões mais elevadas. O que não deixa de ser um paradoxo.
Enfim. O Dacia Bigster mostrou-me que a racionalidade não precisa de ser aborrecida. Que também pode mostrar estilo e ter ambição. Se fosse meu, tenho a certeza de que me acompanharia agora. E, quem sabe, continuaria a acompanhar-me noutra jornada daqui a uns anos.
Extreme: ideal para o meu estilo de vida outdoor e aventureiro
Depois de testar o carro, descobri que, tal como no Dacia Journey, o Bigster pode transformar-se numa mini-camper com o Sleep Pack.
É uma estrutura modular e desmontável que serve de base para um colchão dobrável, podendo também ser usada como mesa. Há ainda acessórios práticos, como cortinas opacas para bloquear a luz e até uma tenda desenhada para fixar-se à porta da bagageira.
Perfeito para quem, como eu, gosta de improvisar uma noite sob as estrelas.
| Motor | 1.8 L gasolina + híbrido total (full hybrid). Combustão + 2 motores elétricos |
|---|---|
| Potência/Binário | 155 cv/172 Nm |
| Transmissão | Automática multimode (2+4 velocidades), tração dianteira |
| Aceleração (0–100 km/h) | 9,7 segundos |
| Velocidade máxima | 180 km/h |
| Consumo combinado | 4,7 l/100 km (WLTP) |
| Emissões CO₂ | 107 g/km |
| Dimensões (C × L × A) | 4.570 mm; 1.812 mm (c/espelhos: 2.069 mm); Altura: 1.662 mm (c/ barras: 1.711 mm) |
| Distância Entre-eixos | 2.702 mm |
| Altura ao solo | 220 mm |
| Bagageira (5 lugares) | 546 L até 1.851 L (com bancos rebatidos) |
| Peso vazio | 1.494 kg |
| Pneus | 205/55 R19 |


























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