O Volvo XC60 recebeu um ligeiro facelift que lhe confere um visual mais moderno e distinto. Como primeiras impressões, há uma nova grelha em padrão cruzado, farolins traseiros com acabamento fumado e jantes redesenhadas. Ao volante, o que mais me impressionou foi realmente a suavidade do conjunto.
O motor a gasolina associado ao eléctrico dá uma resposta linear, sem solavancos, e a condução em modo 100% eléctrico, em cidade, é silenciosa e agradável. Quase terapêutica para quem passa grande parte do tempo no trânsito.
A direcção é previsível, o chassis transmite confiança e, apesar das dimensões, o carro mantém-se ágil e dinâmico. Para quem, como eu, gosta de conduzir, é fácil apreciar esta sensação de controlo sem esforço, muito graças à sua capacidade de distribuir tração pelos dois eixos.
O conforto merece menção própria: os bancos ajustam-se como um fato feito à medida, a qualidade de construção é irrepreensível e a insonorização, agora melhorada segundo refere a marca, realmente faz esquecer o ruído exterior.
E se não é um carro para quem procura emoções fortes, a serenidade e a confiança com que se conduz agradam bastante.

Tecnologia e infoentretenimento
O ecrã central vertical tem agora uma tela maior (11,2 polegadas) e mais nítida. Ainda que a quantidade de menus parecesse poder intimidar-me no início, acabei por descobrir que era intuitiva e gostei também da forma rápida como reage.
Este sistema foi actualizado e conta com uma nova plataforma que se mostra fluida. A partir daqui controla-se praticamente tudo: climatização, modos de condução, navegação e as ligações ao smartphone, que podem agora ser também sem fios, tanto via Apple CarPlay como Android Auto. De série conta com Google Maps e Google Assistant.
Pessoalmente, continuo a preferir que alguns comandos básicos, como a climatização, tivessem botões físicos para maior simplicidade em andamento. Mas a curva de aprendizagem é curta e, no conjunto, o sistema de infoentretenimento parece-me completo e, sem ser ostensivo, cumpre bem a função de centralizar o essencial.
O sistema também pode receber actualizações remotas (OTA) para assegurar que o software se mantém sempre actual.

Habitabilidade e bagageira
O XC60 confirma a tradição Volvo de pensar no utilizador. À frente, a posição de condução é excelente e a ergonomia exemplar.
Atrás, há espaço suficiente para dois adultos viajarem com conforto em longas distâncias. Um terceiro passageiro vai ficar penalizado pelo túnel central.
Por causa da bateria do motor elétrico, que lhe retira espaço, a bagageira proporciona 468 litros. Ainda assim pareceu-me suficiente para férias em família ou para o transporte do dia-a-dia. Alguma modularidade dos bancos traseiros e, principalmente, as várias formas como a cobertura da bagageira pode ficar instalada ajudam a aumentar o volume que pode ficar coberto.
Por baixo do piso da mala encontrei um pequeno espaço com os cabos de carregamento. Quem gostar de jogar Tetris, voltar a acondicioná-los neste lugar pode ser divertido.
O portão da bagageira é elétrico e pode ser movimentado com o pé.

Sistemas de segurança e equipamento
Neste capítulo, a Volvo continua a ser referência.
O XC60 que tive o prazer de conduzir estava carregado de assistentes: travagem autónoma de emergência, controlo activo de faixa, cruise control adaptativo e alerta de ângulo morto. Em viagem, estes sistemas trabalham de forma discreta, sem serem intrusivos.
O equipamento também era generoso, com destaque para os bancos eléctricos com memória, o sistema de som de alta qualidade e os faróis LED adaptativos. Claro que, como em qualquer SUV premium, a lista de opcionais é tentadora. Mas, mesmo na versão base, o nível de segurança está acima da média.
Resolvi testar o Driver Alert Control para perceber como funcionava e se era realmente eficaz. Posso garantir que sim: ao simular distracção e depois de alguns alertas sonoros e visuais no painel, o carro accionou automaticamente os quatro piscas, começou a desacelerar e deixou claro que, se um dia o corpo falhar, existe ali uma rede de segurança. Não substitui a atenção do condutor, mas é uma ajuda valiosa que pode evitar males maiores, protegendo quem vai ao volante e alertando, ao mesmo tempo, os outros condutores na estrada.

Números mecânicos
No capítulo mecânico, o Volvo XC60 T6 híbrido plug-in de 2025 não apresenta mudanças de fundo em relação ao modelo anterior.
O motor de 2,0 litros e quatro cilindros a gasolina mantém-se nos 253 cv, enquanto o motor eléctrico acrescenta mais 145 CV, totalizando 350 CV de potência combinada. O binário máximo aproxima-se dos 660 Nm.
A bateria de iões de lítio continua a oferecer quase 19 kWh de capacidade bruta, cerca de 14,7 kWh úteis. O carregamento pode ser feito a uma potência máxima de até 6,4 kW em trifásico, o que permite recuperar totalmente a carga em cerca de três a sete horas, dependendo da fonte de energia utilizada.
Em termos de autonomia eléctrica, a marca anuncia valores na ordem dos 82 km. Na prática, consegui rondar apenas 50 a 55 km. No capítulo do consumo, em uso misto com carregamentos regulares, será possível manter médias abaixo dos 3 litros/100 km de gasolina. Sem carregamentos, depois de rodar umas centenas de quilómetros com a carga inicial, a realidade aproxima-se dos 9 l/100 km, o que já não é tão impressionante.
Muitas vezes me perguntam sobre o modo mais correcto de conduzir um automóvel híbrido plug-in. Por experiência própria, em viagens mais longas diria que esvaziar a bateria e só depois entrar em modo híbrido não é o ideal. O sistema foi concebido para trabalhar de forma complementar, tirando partido da electricidade nos percursos urbanos e deixando o motor de combustão para quando é realmente necessário.
Por isso, a forma mais eficiente é manter o modo híbrido activo. Se necessário, reservar carga na bateria para circular em cidade e aproveitar os momentos de inércia para regenerar energia. O Volvo XC60 permite fazer isso.
É verdade que também se pode utilizar o motor de combustão para alimentar a bateria, mas, neste cenário, o consumo médio tende a subir alguns litros.
Em modo híbrido e com a bateria praticamente sem carga, na transição entre o modo de regeneração e o retomar da tração por parte do motor elétrico, ou quando o sistema avança do modo elétrico para o moto híbrido (com a entrada em ação do motor a gasolina), ao pressionar suavemente o pedal do acelerador, apercebi-me de um ligeiro atraso no retomar do funcionamento do motor de combustão.
A causa poderá residir no sistema drive-by-wire e na lógica que privilegia a utilização do motor elétrico até receber um sinal mais decidido do acelerador. Esta opção técnica torna a transição menos imediata, algo mais evidente quando se acelera de forma progressiva e não brusca, podendo transmitir a sensação de que o sistema “hesita” por um breve instante antes de acionar o motor de combustão.

Veredicto
O XC60 T6 híbrido plug-in não é o carro mais emocionante que já conduzi, mas talvez seja um dos mais equilibrados.
Para famílias, é um carro que oferece uma habitabilidade convincente, uma bagageira que chega para a maioria das necessidades e que inclui um pacote de segurança líder de mercado.
Para empresas que procuram alinhar política de frota com imagem de sustentabilidade também é uma opção válida.
Em matéria de custos, o preço de aquisição do Volvo XC60 T6 encontra respaldo em benefícios fiscais relevantes em Portugal:
- Tributação Autónoma reduzida (para empresas e ENI com contabilidade organizada), dada a natureza híbrida plug-in
- Dedução do IVA do custo de aquisição (idem)
- IUC bastante mais baixo do que um SUV equivalente com motor de 2,0 litros exclusivamente a gasolina (para todos os proprietários)
- Classe 1 nas portagens, independentemente da altura, desde que tenha o identificador electrónico (Via Verde). Este é um detalhe importante, já que muitos SUV médios e grandes pagam Classe 2, tornando as deslocações mais pesadas para quem faz muitos quilómetros (idem).
“No fundo, não é um carro para impressionar os vizinhos, mas um carro para quem valoriza consistência. E, para mim, esse continua a ser o maior elogio que se pode fazer a um automóvel”
Ficha Técnica do Volvo XC60 T6 AWD Híbrido Plug-in
| Motor a gasolina | 2.0 L, 4 cilindros turbo, 253 cv (186 kW) |
|---|---|
| Motor elétrico | 145 cv (107 kW) |
| Potência combinada | 350 cv (257 kW) |
| Binário máximo | 659 Nm (combinado) |
| Transmissão | Automática Geartronic de 8 velocidades, tração integral (AWD) |
| Bateria | Iões de lítio, 18,8 kWh (14,7 kWh úteis) |
| Carregamento AC | Até 6,4 kW (3 a 5 horas para carga completa) |
| Autonomia elétrica WLTP | Até 70 km (cerca de 40–45 km reais) |
| Aceleração 0–100 km/h | 5,7 segundos |
| Velocidade máxima | 180 km/h |
| Consumo combinado WLTP | a partir de 0,9 l/100 km (com carregamentos regulares) |
| Consumo total de energia elétrica (WLTP) | 18 kWh/100 km |
| Emissões CO₂ WLTP | a partir de 22 g/km |
| Bagageira | 468 L (até 1.528 L com bancos rebatidos) |
| Dimensões (C × L × A, largura com espelhos) | 4.708 × 2.117 × 1.651 mm |
| Distância entre eixos | 2.865 mm |
| Peso em vazio | 2.150 kg |



















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