Humberto Honório é o responsável financeiro de uma sólida empresa familiar na área da saúde, função que exerce com um misto de rigor técnico e instinto prático, herança dos tempos em que fora mecânico na juventude.

A sua trajetória não foi linear: antes de se formar em gestão, viveu intensamente o mundo das oficinas e chegou a competir em provas de automobilismo. Não acumulou grandes vitórias, mas ganhou disciplina, resistência à pressão e um gosto quase visceral por motores e velocidade, paixões que agora revive indiretamente ao apoiar o filho nas corridas de karting, onde se mostra tão entusiasta quanto meticuloso.

Na empresa, Humberto dirige um departamento estratégico que gere uma frota de quase 100 viaturas, essencialmente destinadas às equipas comerciais. É conhecido por equilibrar a prudência financeira com a capacidade de antecipar tendências, razão pela qual, em articulação com as três locadoras parceiras, tem vindo a orientar a frota para soluções mais sustentáveis.

Não esconde uma ponta de orgulho ao sublinhar que o board da empresa conduz exclusivamente carros elétricos e híbridos plug-in, reflexo da política de responsabilidade ambiental que ele próprio ajudou a impulsionar.

Figura discreta mas respeitada, Humberto move-se entre números, contratos e estradas. Viaja com regularidade para Braga, Coimbra e Faro, polos estratégicos da empresa, e conhece de cor cada quilómetro dessas deslocações.

Testar um carro continua a ser, para mim, uma experiência de duas leituras. Por um lado, o entusiasmo de quem cresceu no meio de motores, passou horas numa oficina e chegou a alinhar em provas automóveis. Por outro, o olhar frio de gestor financeiro que aprendeu a traduzir cavalos de potência em tabelas de custos, fiscalidade e projeções de frota.

Nos períodos mais calmos, a sua rotina fixa-se entre São Pedro do Estoril, onde reside junto ao mar, e os arredores de Lisboa, onde se concentram as principais decisões do negócio. Essa vida repartida dá-lhe a sensação de estar sempre em trânsito e de nunca se desligar por completo do asfalto.

No convívio pessoal, Humberto é pragmático e reservado, mas surpreende pela forma calorosa como fala do filho, das memórias nas boxes improvisadas das corridas amadoras e da sensação de liberdade que ainda encontra ao volante.

Entre planilhas de custos e relatórios de performance, guarda um traço quase romântico: a convicção de que um carro não é apenas um veículo, mas também um espaço de identidade, de expressão e de futuro.