O Nissan B210, mais conhecido em Portugal como Datsun 120Y, foi um dos modelos mais marcantes e duradouros da gama Sunny, uma das mais longas da história da Nissan.
Lançado em 1973 como sucessor do popular Datsun 1200¹, manteve grande parte da sua base mecânica, mas trouxe consigo a evolução natural que lhe permitiria permanecer em produção na Europa até 1978 e, no mercado norte-americano, até 1979.
Tal como acontecera com outros modelos japoneses que conquistaram a Europa, o sucesso do 120Y deveu-se ao equilíbrio entre preço acessível e mecânica simples, que se revelou mais fiável do que muitos concorrentes europeus da época.
Os motores, económicos mas vivos e rotativos, davam-lhe um comportamento ágil e desembaraçado, o que também o tornava interessante para a competição.
Por isso, nos anos 70 era comum ver automóveis como o 120Y a desempenhar uma dupla função: transporte familiar durante a semana e presença assídua em corridas ao fim de semana, bastando alguns ajustes básicos de segurança, como capacete, extintor a bordo e fita autocolante a cruzar os faróis e, por vezes, também os vidros laterais e traseiro..
Porém, esse uso intensivo contribuiu para o desaparecimento prematuro de muitos exemplares.

O “120Y” em detalhe
Produzido para a Europa entre 1973 e 1978, o B210 representava a terceira geração da linha Sunny.
Equipado com o motor A12, uma evolução do A10 do Datsun 1000, oferecia 1 171 cc e 69 cv, combinados com tração traseira e caixa manual de quatro velocidades. Em diversos mercados surgiram também variantes como 130Y, 140Y e 150Y.
As primeiras unidades montavam jantes de 12 polegadas, substituídas por jantes de 13 a partir de 1975, aquando da renovação do modelo.
O chassis mantinha-se simples, com poucas alterações em relação ao anterior, incluindo a suspensão traseira de molas semi-elípticas.
Para cumprir as exigências de segurança impostas no mercado norte-americano, o B210 recebeu pára-choques de perfil menos saliente e uma estrutura mais protetora para os ocupantes.
Um dos pontos fracos comuns aos automóveis japoneses da época também se verificava aqui: a chapa fina, vulnerável à corrosão. Era uma escolha deliberada em prol do baixo peso, essencial para consumos reduzidos e dinâmica mais leve.
A montagem local de alguns componentes ajudava a mitigar problemas, mas o transporte demorado por via marítima nem sempre garantia condições ideais de preservação.
Versatilidade do Datsun 120Y Station Wagon (1974)
O Datsun 120Y Station Wagon, lançado em meados dos anos 70, destacou-se pela sua maneabilidade funcional, num segmento dominado por berlinas compactas.
Embora não existam registos oficiais da capacidade da bagageira em litros, sabe-se que o modelo oferecia um espaço generoso para a época, com piso plano e acesso facilitado pela porta traseira. A possibilidade de rebater o banco traseiro aumentava significativamente a versatilidade, permitindo transportar cargas volumosas ou longas, algo invulgar num automóvel compacto daquela geração.
Na versão Van, mais utilitária, a robustez e simplicidade do espaço de carga tornavam-no ideal para uso profissional, enquanto a Station Wagon conciliava essa vocação prática com um caráter familiar.
Esta combinação de funcionalidade e fiabilidade ajudou a cimentar a popularidade do 120Y como um dos modelos mais úteis e adaptáveis da gama Datsun.

Uma versão com sabor a mel
O Datsun 120Y, ou B210 em alguns mercados, ganhou nos Estados Unidos uma versão muito especial: o Honey Bee.
Lançado em 1975, esta versão destacava-se pela pintura amarela e pelos autocolantes com uma abelha estilizada nas portas, acompanhados de riscas laterais pretas. O nome “Honey Bee” não era apenas uma jogada de marketing simpática, refletia também o espírito económico e ágil do carro, pensado para ser acessível e prático, em plena crise do petróleo.
Baseado no B210 de duas portas, o Honey Bee vinha equipado com um motor de 1,4 litros e caixa manual de quatro velocidades. Porque a legislação norte-americana a partir de 1973 assim o exigia, o Datsun 120Y Honey Bee possuí grandes pára-choque cromados com apoios salientes em borracha preta.
Estes pára-choque, preparados para resistirem a impactos até cerca de 8 km/h (5 milhas/hora), protegendo assim a carroçaria e os faróis de danos significativos, eram mais largos e afastados da carroçaria. Isso conferia ao modelo um aspeto mais pesado e distinto em relação às versões europeias e japonesas.
Para reduzir custos e reforçar o posicionamento como automóvel económico, foi oferecido quase sem extras: não tinha rádio, carpete, consola central ou outros elementos de conforto. Mas o essencial estava lá: consumo reduzido, manutenção económica e uma identidade visual diferenciadora.
Com o tempo, o Honey Bee tornou-se um ícone cultural dos anos 70, recordado tanto pela sua estética irreverente como pelo papel que desempenhou ao tornar a mobilidade mais acessível para todas as gerações, numa época de forte incerteza energética.
Hoje é procurado por colecionadores que valorizam a sua raridade e o charme despretensioso de um clássico simples, mas cheio de personalidade.

Presença em Portugal
Embora tenha ganho enorme notoriedade na América do Norte, graças à oferta de seis diferentes carroçarias, incluindo a desejada versão Coupé, em Portugal a carreira do 120Y centrou-se sobretudo nas versões sedan de duas e quatro portas, bem como na carrinha de três portas, configuração que era mais popular do que a de cinco portas devido à fiscalidade menos penalizadora.
O design foi sempre um dos seus pontos fortes, com a silhueta fluida, a cintura de vidros bem definida e um interior que cativava pela disposição dos instrumentos e pela forma do tablier. Este último, contudo, tornou-se num dos maiores desafios para os entusiastas atuais, já que os materiais frágeis e a exposição solar fazem com que se deteriore facilmente.
O 120Y seria substituído na Europa pelo Nissan/Datsun B310 em 1979, mas continuou a ser produzido noutros mercados, como a África do Sul, onde se destacaram versões Coupé mais desportivas, equipadas com motor 1.6 e designação 160Y.
Em Portugal não existe um clube oficial dedicado em exclusivo ao Datsun/Nissan 120Y. Ainda assim, o modelo está por vezes presente em alguns encontros de clássicos, sobretudo naqueles mais dedicados a automóveis japoneses.
Possui ou já conduziu um Datsun 120Y?
Conte-nos a sua história.
¹ Em Portugal, o Datsun 1200 foi montado localmente pela Entreposto Comercial (1972-1974). O sucesso foi tal que originou o “Troféu Datsun 1200”, onde surgiram versões mais desportivas, como o S1, com motor melhorado, duplo carburador, escape livre e estética diferenciada.
Galeria de Imagens
- Catalogo do Datsun 120Y (1)
- Catalogo do Datsun 120Y (2)
- Catalogo do Datsun 120Y (3)
- O primeiro Sunny surgiu em 1966: Datsun 1000 (B10)
- Em 1968 aparecia a versão Datsun 1000 Van
- Em 1970 foi lançado o Datsun 1200 (B110)
- A carrinha manteve-se no Datsun 1200
- B310, o último Nissan Sunny com tração traseira
- Datsun/Nissan B210 ou 120Y em versão berlina de quatro portas
- Datsun/Nissan B210 ou 120Y em versão Van (carrinha)
- O Datsun 120Y conheceu também uma versão coupe
- Caixa manual de 4 velocidades
- Também existia transmissão automática
- A possibilidade de rebater o banco traseiro, um piso plano e porta traseira ampla facilitavam o carregamento de objetos volumosos e permitia acomodar cargas mais longas ou volumosas
- Várias opções de interior
- Bancos bastante reclináveis, bagageira volumosa
- Datsun 160Z
























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